quinta-feira, 15 de maio de 2008

Urso polar em risco de extinção

Estados Unidos classificam urso polar como espécie “ameaçada"


O secretário norte-americano do Interior, Dirk Kempthorne, anunciou esta quarta-feira que o urso polar (Ursus maritimus) vai ser considerada espécie “ameaçada” e fazer parte da lista norte-americana das espécies protegidas devido à perda de gelo no Árctico.



O urso polar passará a estar abrangido pela Lei norte-americana das Espécies Ameaçadas porque “a perda de gelo do mar Árctico ameaça, e vai continuar a ameaçar, o habitat” destes animais, informa um comunicado do Departamento do Interior norte-americano. Os ursos polares usam este gelo como plataforma para caçar focas e ponte para as zonas costeiras. Mas no ano passado, a quantidade de gelo árctico no mar era 39 por cento menor do que a média do período de 1979 a 2000. Esta foi uma decisão que demorou mais de três anos a ser tomada. A lentidão do processo - lançado em Fevereiro de 2005, quando três organizações ambientalistas (Centre for Biological Diversity, Greenpeace e Natural Resources Defense Council) apresentaram uma petição em tribunal para pressionar o Departamento do Interior a incluir o urso polar na lista de espécies ameaçadas – reside no facto desta ser a primeira espécie listada devido aos impactos das alterações climáticas. Trata-se de uma questão sensível para a imagem dos Estados Unidos na comunidade internacional, muito criticados pela recusa da administração Bush em impor reduções de emissões de gases com efeito de estufa.Mesmo o reconhecimento dos efeitos nefastos do sobre-aquecimento global no urso polar não significa que Washington mudou de opinião. Na verdade, Kempthorne avisou no seu discurso que a protecção da espécie não pode ser confundida com a luta contra as alterações climáticas. “Listar o urso polar como espécie ameaçada pode reduzir perdas de animais. Mas não deve abrir a porta à utilização abusiva da Lei para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa de automóveis, centrais eléctricas e outras fontes”. Esta lei “não é o instrumento apropriado para definir a política climática norte-americana”. Kempthorne descansou o sector energético americano, garantindo que esta decisão vai permitir manter a exploração de petróleo e gás natural ao longo da costa do Alasca. Estas actividades continuarão a ser permitidas nas áreas onde vivam os ursos polares desde que as empresas cumpram as restrições impostas na Lei de Protecção dos Mamíferos Marinhos.Kassie Siegel, do Centro para a Diversidade Biológica, citada pelo “New York Times”, vê nesta decisão um reconhecimento “da urgência do sobre-aquecimento global” mas admite que, no terreno, terá pouco impacto na protecção da espécie.Segundo a Lei de Espécies Ameaçadas, de 1973, uma espécie está “ameaçada” quando existe o risco de extinção num futuro próximo. Estima-se que existam entre 20 mil e 25 mil ursos polares no Árctico. A espécie já sobreviveu a períodos de aquecimento das temperaturas, como o de há 130 mil anos. No entanto, os cientistas lembram que, desta vez, não conseguirá adaptar-se a um aquecimento tão rápido e tão vasto como o previsto para este século se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem a crescer ao ritmo actual.
Fonte da Notícia: Público.PT

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