:: 2008-05-07
O ornitorrinco, um animal peludo com bico de pato e dentes, patas palmípedes e cauda achatada tem características genéticas comuns aos répteis, aves e mamíferos, segundo confirma o seu genoma. Um grupo internacional de investigadores publica hoje na revista Nature o genoma do Ornithorhynchus anatinus, descrevendo-o como "uma amálgama de características pertencentes a um reptiliano ancestral e derivadas dos mamíferos" e com alguns dos seus 52 cromossomas a corresponderem aos das aves.
Este estanho animal de 40 centímetros de comprimento que vive na Austrália e na Tasmânia põe ovos e amamenta as crias, pertencendo por isso à ordem dos monotrematas, tem a pele adaptada à vida aquática e o macho segrega um veneno comparável ao das cobras. "A mistura fascinante de traços no genoma do ornitorrinco fornece muitos índices sobre a função e evolução de todos os genomas dos mamíferos", sublinha num comunicado o principal autor do estudo, Richard Wilson, director do Centro do Genoma da Universidade de Washington. Trata-se de um animal "único" por ter conservado as características dos répteis e dos mamíferos, uma especificidade que a maioria destes perdeu ao longo da evolução - assinala Wes Warren, também da Universidade de Washington. A sequenciação do genoma do ornitorrinco foi realizada com base numa fêmea chamada Glennie que vive na Austrália, na Nova Gales do Sul, por um grupo de investigadores em que participaram equipas de oito países. Depois de compararem este genoma com os do homem, do cão, do rato, do opossum e da galinha, os investigadores concluíram que partilha com estes 82 por cento dos seus genes. No total, tem cerca de 18.500 genes, dois terços dos do homem. Entre as suas originalidades, o ornitorrinco nada com os olhos, as orelhas e as narinas fechadas, e serve-se de receptores electro-sensoriais no bico para detectar os fracos campos eléctricos das presas debaixo da água. Como não tem tetas, o leite exsuda da pele para as crias, como nos marsupiais. Este animal, um dos mais primitivos do ponto de vista evolutivo, chegou pela primeira vez ao Museu de História Natural de Londres em 1799, vindo da Austrália, para espanto dos naturalistas que o estudaram.
Fonte: Ciência Hoje
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