A águia-imperial está a vingar no Parque Natural de Doñana, no Sul da Andaluzia, em Espanha. A população conseguiu triplicar o número de nascimentos, depois de mais de uma década em que a população da águia ia diminuindo por falta de indivíduos novos.
O plano de recuperação da Aquila adalberti em Doñana foi dirigido por especialistas do organismo público "Consejo Superior de Investigaciones Científicas" (CSIC). Em apenas três anos a produção anual de crias aumentou de 3,5 por ano para 10,5, dizem os investigadores, que publicaram o estudo na edição de Outubro da “Journal of Applied Ecology”.
Miguel Ferrer e Vincenzo Penteriani, os autores do estudo, conseguiram impulsionar o plano de recuperação quando perceberam que a diminuição da densidade das águias provocou uma diminuição na fertilidade dos casais. O que acelerou uma possível extinção da espécie.
“Ao contrário do que as leis da biologia previam, quando diminuiu a densidade da população da águia-imperial a sua fecundidade também decresceu, acelerando a velocidade de extinção da espécie”, disse o especialista Miguel Ferrer ao diário espanhol, “El Mundo”.
Segundo os modelos biológicos, quando a densidade de uma espécie diminui na natureza, devido a algum tipo de pressão, a fecundidade dessa espécie tende a aumentar para recuperar o número de indivíduos. Também se passa o inverso, quando há indivíduos a mais, a fecundidade de uma espécie decresce, para impedir o crescimento excessivo da população.
No caso das águias-imperias o mecanismo funcionou ao contrário. Entre 1992 e 2004 o número de casais nesta região desceu de 15 para sete. O uso de veneno na região, foi a principal causa do fenómeno.
“O aparecimento de veneno em Doñana e nas imediações parece estar associada com a diminuição dos coelhos depois de ter aparecido uma pneumonia viral, uma doença contagiosa. Quando se dá a diminuição da densidade de coelhos, as águias foram obrigadas a ampliar a área de caça para o exterior do parque, na mesma zona onde se aumentou o esforço para eliminar a raposa e outros predadores usando todo o tipo de métodos, legais e ilegais, como o veneno. Felizmente, este efeito tem diminuído nos últimos anos”, explica Ferrer.
O investigador do CSCIC acrescenta: “como as águias têm um ciclo reprodutor que ocupa oito meses do ano, qualquer demora que aconteça durante esse período na substituição de um dos membros do casal, impede que se possam reproduzir nesse ano, o que afecta a fecundidade, que por sua vez limita a disponibilidade futura de águias para substituir as parelhas”.
Durante os quatro anos do projecto, espera-se aumentar de novo o mínimo de casais reprodutores da águia-imperial para ficarem entre os dez e os doze casais reprodutores, com uma produção sustentada de nove a catorze crias por ano.
Em Portugal a espécie está no Livro Vermelho dos Vertebrados, criticamente em perigo. Pensa-se que só existem entre dois a cinco casais desta águia, na região da Beira Baixa e do Sul do Tejo. O envenenamento, o abate e a destruição dos ninhos são as principais causas da baixa frequência da Aquila adalberti.
Site da notícia: publico.pt
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