Leões podem ser modelo para estudar a Sida no Homem
(Imagem: qwe.blog.simplesnet.pt/archive/Blog_dos_Bichos...)
Um cientista português descobriu que a elevada diversidade genética e de vírus existente nos leões permitirá utilizar esta espécie como modelo para estudar, entre outras doenças, a dinâmica do vírus da Sida em humanos. Por esta razão, a preservação de populações de leões em declínio assume uma elevada importância e mudar estes felinos de lugar pode levar à mobilidade de vírus potencialmente patogénicos e ameaçar a própria espécie, disse em entrevista o geneticista Agostinho Antunes. Este investigador, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIMAR) da Universidade do Porto, liderou uma equipa de 20 cientistas internacionais que realizou uma investigação durante anos com mais de 350 animais da Índia e de vários países de África, que é publicada hoje na conceituada revista "PLoS Genetics". "Foi um esforço grande. Não é propriamente fácil amostrar estes animais, nem fácil, nem seguro", sublinhou o geneticista que esteve também envolvido na descoberta da sequenciação do genoma do gato.O trabalho visou conhecer melhor a variedade genética destes animais e caracterizar algumas doenças infecciosas, particularmente o FIV (desencadeia SIDA no gato doméstico), que existe com frequência elevada (até 97 por cento) em algumas populações de leões em África. "Há casos em que quase toda a população está infectada. É um caso interessante porque, ao contrário do gato doméstico, que desenvolve o Síndrome de Imunodeficiência Adquirida semelhante aos humanos, os leões não apresentam esses sintomas", explicou o cientista, que está ligado a esta investigação desde 2002. A investigação aponta o facto dos leões já coexistirem com o vírus há muito tempo e terem desenvolvido estratégias de defesa natural como sendo a explicação para a inexistência destes sintomas nestes animais. "Esta descoberta é mais uma possibilidade de utilizar espécies como o leão, infectadas com o FIV, como modelo para estudar a dinâmica do HIV em humanos e do FIV em primatas", sublinhou. O trabalho desvendou a evolução da dinâmica populacional dos leões e deitou por terra a ideia de que as populações de leões se resumiam a uma grande população em África e uma população na Ásia. "O que viemos mostrar é que a diversidade genética nos leões em África é bastante considerável", sublinhou o investigador, acrescentando que estes felinos têm uma "estrutura populacional bastante marcada entre diferentes regiões geográficas".
Fonte da notícia: ciênciahoje
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