Os estudantes testavam um método de investigar flutuações de luz de milhares de estrelas na base de dados OGLE de um modo automático. Descobriram que o brilho de uma das estrelas diminuia cerca de 1% durante duas horas a cada 2,5 dias. Observações posteriores, pelo VLT do ESO no Chile, confirmaram que este fenómeno é provocado pela passagem de um planeta em frente da estrela, bloqueando parte da luz estelar em intervalos regulares.
De acordo com Ignas Snellen, supervisor do projecto de pesquisa, a descoberta foi completamente uma surpresa. "O projecto tinha na realidade o objectivo de ensinar os estudantes a desenvolver algoritmos de pesquisa. Mas portaram-se tão bem que restou tempo para testar o seu algoritmo numa base de dados até à altura não explorada. A certa altura vieram até ao meu escritório e mostraram-me esta curva de luz. Fiquei completamente espantado!"
Durante o seu projecto de pesquisa, os estudantes Francis Vuijsje, Meta de Hoon e Remco van der Burg (esquerda para a direita), descobriram um planeta extrasolar que é cerca de cinco vezes maior que Júpiter e orbita uma estrela quente e com uma alta rotação.
Crédito: Observatório Leiden
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Os estudantes, Meta de Hoon, Remco van der Burg, e Francis Vuijsje, ficaram extremamente entusiasmados. "É excitante não só descobrir um planeta, mas encontrar um tão invulgar como este; pelos vistos é o primeiro planeta descoberto em torno de uma estrela com alta rotação, e é também a estrela mais quente que se sabe conter planetas," diz Meta. "O computador precisou mais de mil horas para fazer todos os cálculos," afirmou Remco.
O planeta foi denominado OGLE2-TR-L9b. "Mas entre nós chamamo-lo ReMeFra-1, de Remco, Meta e eu próprio," diz Francis.
O planeta foi descoberto através da pesquisa de variações de brilho em aproximadamente 15.700 estrelas, que tinham sido observadas pelo estudo OGLE uma ou duas vezes por noite durante cerca de quatro anos entre 1997 e 2000. Estes dados foram tornados públicos, e por isso foram um bom teste para o algoritmo dos estudantes, que mostraram que para uma das estrelas observadas, OGLE-TR-L9, as variações eram devidas a um trânsito - a passagem de um planeta em frente da sua estrela. A equipa então usou o instrumento GROND no telescópio de 2,2 metros do Observatório La Silla do ESO para mais observações e para saber mais acerca da estrela e do planeta.
Impressão de artista do planeta OGLE-TR-L9b. Orbitando a sua estrela-mãe a cada 2,5 dias, situa-se a apenas 3% distância Terra-Sol da sua estrela, o que o torna muito quente. A própria estrela é a mais quente já descoberta com um planeta.
Crédito: ESO/H. Zodet
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"Mas para termos a certeza que era um planeta e não uma anã castanha ou uma pequena estrela que provocava as variações no brilho, precisámos de recorrer à espectroscopia, e para isso, ficámos contentes por usar o VLT do ESO," afirma Snellen.
O planeta, que tem cerca de cinco vezes a massa de Júpiter, orbita a sua estrela-mãe a cada 2,5 dias. Situa-se a apenas 3% da distância Terra-Sol entre a sua estrela, o que o torna muito quente e muito maior que os planetas normais.
A espectroscopia também mostrou que a estrela é muito quente - quase 7000 graus, ou 1200 graus mais quente que o Sol. É a estrela, até agora, mais quente que se sabe ter um planeta, e roda muito depressa. O método de velocidade radial - que foi usado para descobrir a maioria dos planetas extrasolares conhecidos - é menos eficiente em estrelas com estas características. "Isto torna esta descoberta ainda mais interessante," conclui Snellen.
Fonte da notícia: Astronomia on-line
site http://www.ccvalg.pt/astronomia/
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