sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A-a-aaa-tchim! Os cientistas "leram" os genes dos vírus da constipação

Leitura integral das sequências genéticas de uma centena de estirpes de rinovírus.
Descodificado o genoma de todos os vírus da constipação por Cientistas.

Atchim! É a manifestação mais universal da infecção por um dos vírus mais vulgares e contagiosos que há: o vírus da constipação, ou rinovírus. Mas, apesar de tudo o que se sabe sobre ele – ou melhor dito sobre eles, pois existem inúmeras estirpes –, o facto é que contra a constipação só temos uma opção: aliviar os sintomas e esperar que passe.Por que é que não há ainda uma cura para um doença tão banal? “O insucesso do desenvolvimento de medicamentos eficazes contra a constipação”, diz Stephen Liggett, da Universidade de Maryland, em comunicado, “deve-se ao facto de a informação sobre a composição genética das estirpes [de rinovírus] ter sido incompleta”. Com a sua equipa e colegas da Universidade de Wisconsin e do Instituto J. Craig Venter, Liggett publicou ontem, no site da revista "Science", o estudo das sequências genéticas de todas as estirpes conhecidas do vírus da constipação. Isto poderá permitir, pela primeira vez, desenvolver uma cura.Mas porque é tão importante a cura, se a constipação não parece assim tão grave? De facto, os rinovírus nem sempre são inócuos: podem conduzir a crises de asma e a pneumonias graves. “Pensa-se geralmente que a constipação só é uma chatice, mas pode ser debilitante para os muito novos e os mais idosos”, diz Liggett, “e pode desencadear crises de asma agudas em qualquer idade. E estudos recentes indicam que, nas crianças, os rinovírus podem reprogramar o sistema imunitário e torná-las asmáticas na adolescência.”Os cientistas “leram” os genes de 99 estirpes de rinovírus consideradas de referência – e de mais umas 10 recentemente identificadas “no terreno” – o nariz de pessoas constipadas. Comparando as semelhanças e diferenças, construíram a árvore genealógica dos rinovírus – não apenas para perceber a sua evolução e estrutura, mas também para identificar as suas vulnerabilidades, potenciais alvos de futuros tratamentos. Saber, por exemplo, quais são as moléculas à superfície das células do sistema respiratório que permitem a entrada dos rinovírus é essencial para o conseguir bloquear.A tarefa poderá porém ser bastante mais complexa do que previsto: os cientistas descobriram também, através da análise dos genomas, que a mesma pessoa pode ser infectada ao mesmo tempo por várias estirpes – e que, quando isso acontece, os vírus podem trocar ADN entre si e gerar uma estirpe totalmente nova, algo que não se pensava ser possível. “Isto poderia levar à emergência de novas estirpe de rinovírus mais perigosas”, diz Claire Fraser-Liggett, outra co-autora. Mas os cientistas acreditam que a informação genética agora revelada deverá permitir prever o potencial patogénico de cada estirpe e antecipar maneiras de vencer a infecção.

Notícia retirada de PÚBLICO.PT

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