terça-feira, 27 de outubro de 2009

Super olhos de camarão inspira nova geração de DVDs

Os olhos de um crustáceo marinho poderão inspirar o desenvolvimento de futuros aparelhos leitores de discos digitais, como o DVD. A inusitada novidade está num artigo publicado no domingo (25/10) na revista Nature Photonics.
Camarão mantis - foto de Erwin Kodiat em Flickr

Super olhos - O camarão mantis é considerado o animal com os olhos mais complexos do reino animal, sendo capaz de ver em profundidade e com visão trinocular (Foto: Sterling Zumbrunn/Cortesia Conservation International).

Os olhos de um crustáceo marinho inspiram engenheiros para o desenvolvimento de uma nova geração de aparelhos leitores de discos digitais, eventuais sucessores do DVD.
O camarão mantis (Odontodactylus scyllarus) que pode ser encontrado na Grande Barreira de Coral, na Austrália tem o sistema de visão mais complexo de que se tem notícia. Animais dessa espécie são capazes de distinguir 12 cores primárias - o homem distingue apenas três - e podem distinguir entre formas diferentes de luz polarizada - algo que o homem não é capaz.

Segundo o estudo, feito por investigadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, células sensíveis à luz, presentes nos olhos do camarão, actuam como placas que alteram o plano das oscilações das ondas luminosas que passam por elas (placas polarizadoras).
Essa capacidade faz com que esses crustáceos convertam luz polarizada linearmente em luz polarizada circularmente e vice-versa. Dispositivos conhecidos como placas polarizadoras de quarto de onda fazem essa função em leitores de CD ou de DVD e em filtros polarizadores de câmeras fotográficas ou de vídeo.
Entretanto, esses dispositivos fabricados pelo homem tendem a operar bem, apenas para uma cor, enquanto o mecanismo natural dos olhos do camarão mantis funciona em quase todo o espectro de luz visível.
Esquema do olho do camarão mantis, mostrando as células R8, que superam qualquer equipamento já feito pelo homem com a mesma finalidade. [Imagem: Robert et al.]
"Nosso trabalho revelou o design e mecanismos únicos da placa polarizadora no olho do camarão mantis. Trata-se de algo realmente excepcional, que supera qualquer equipamento que o homem tenha produzido nesse sentido até hoje", disse Nicholas Roberts, principal autor do estudo.
Simplicidade inteligente
Por que esta espécie de camarão precisa de tanta sensibilidade à luz polarizada é algo que os cientistas desconhecem. Mas sabe-se que a visão polarizada é usada por animais para sinalização sexual ou para comunicação secreta, que evite chamar a atenção de predadores.
Os autores do estudo apontam que a capacidade inusitada do camarão mantis pode também actuar na visualização de presas, ao melhorar a capacidade de ver com clareza no meio aquático.
"Especialmente notável é que se trata de algo simples, um mecanismo natural composto por membranas celulares enroladas em tubos, mas que supera completamente os equipamentos artificiais", disse Roberts.
Biomimetismo
"Entender o funcionamento desse mecanismo natural poderá ajudar a fabricar melhores dispositivos ópticos, que poderiam usar, por exemplo, cristais líquidos produzidos especialmente para imitar as propriedades das células presentes nos olhos do camarão mantis", sugeriu.
Não seria o primeiro crustáceo a inspirar produtos do tipo. Em 2006, um componente presente no olho da lagosta inspirou o desenho de um detector de raio X para um telescópio europeu, em trabalho coordenado por Nigel Bannister, da Universidade de Leicester.
O artigo A biological quarter-wave retarder with excellent achromaticity in the visible wavelength region, de Nicholas Roberts e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em http://www.nature.com/

Noticia lida em http://www.inovacaotecnologica.com.br/

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