segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Cientistas descobrem Krill antárctico a três mil metros de profundidade

Cientistas descobrem krill antártico a três mil metros de profundidade
Expedição na Península Antárctica revela que a espécie afinal não vive apenas à superfície

Investigadores dizem que a população de krill antárctico diminuiu 80 por cento nos últimos 30 anos (créditos: British Antarctic Survey)

Uma equipa de cientistas britânicos descobriu um habitat de krill (nome colectivo dado a um conjunto de espécies de animais invertebrados semelhantes ao camarão) antárctico a três mil metros de profundidade, nas águas da Península Antárctica. Até agora os investigadores pensavam que o Euphausia superba, um crustáceo parecido com o camarão, só vivia na camada superior do oceano.


ROV permitiu observação exaustiva a 3000 metros de profundidade
Segundo os responsáveis, encontrar uma população activa, a alimentar-se e em pleno período de desova quase no fundo do mar, altera completamente o conhecimento sobre a maior fonte de alimento para peixes, lulas, pinguins, focas e baleias da região.

OA descoberta, publicada esta semana na revista científica "Current Biology", foi coordenada por cientistas do British Antarctic Survey (BAS) e do National Oceanography Centre (NOCS), em Southampton. No relatório, a equipa descreve a mais-valia de um robot de imersão controlado à distância (RoV) na identificação e observação de habitats a grandes profundidades.

"Esta nova descoberta corrige de forma significativa o nosso conhecimento sobre a distribuição e ecologia do krill antártico em profundidade", disse Andrew Clarke, do BAS. "Foi uma surpresa poder observar krill adulto a alimentar-se activamente, incluindo fêmeas que estavam perto do período de desova".

O krill antárctico pode crescer até aos 6 centímetros e vive entre 5 e 6 anos. Os biólogos dizem que esta espécie é uma das maiores fontes de proteínas do planeta e que pode ser pescada com facilidade para consumo doméstico. O peso total do krill antárctico está calculado entre 50 e 150 milhões de toneladas.

Os cientistas estão a investigar a espécie desde o início do século XX. Até aqui, campanhas oceanográficas com técnicas de eco-som e recolha de amostras sugeriam que o grosso da população estava confinada aos 150 metros superiores da coluna de água

"A possibilidade de utilizar o RoV nas águas profundas da Antárctica deu-nos uma oportunidade única de observar o krill e descobrir a diversidade de animais que vivem no fundo do mar, entre os 500 e os 3500 metros de profundidade", disse Paul A. Tyler do NOCS. "Estas observações são importantes porque além de podermos ver estas espécies podemos identificar as suas relações individuais e a sua relação com o meio envolvente".

De acordo com os investigadores, esta descoberta revela que o comportamento dos organismos marinhos, mesmo os mais primitivos, pode ser mais complexo e variado do que anteriormente se pensava. "Ainda temos muito a aprender sobre as profundezas do mar e da importância da sua exploração na tentativa de conhecer melhor o mundo em que vivemos", salientaram.

De acordo com os investigadores, a população de krill antárctico diminuiu 80 por cento desde os anos 1970. A explicação para este declínio pode estar no descongelamento do gelo do mar, uma vez que a espécie se alimenta de algas encontradas na superfície gelada. A temperatura média na Península Antárctica aumentou 2,5ºC nos últimos 50 anos. Segundo os cientistas, ainda não se percebe exactamente a relação entre a diminuição do gelo do mar e o aquecimento mas a explicação poderá ser a mesma para o declínio da espécie.


Fonte: Ciência Hoje

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