quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Arca de Noé das plantas nasce hoje junto ao Árctico


Com uma colecção inicial de 250 mil amostras de sementes - um sexto da sua capacidade total - o Banco Global de Sementes de Svalbard é hoje inaugurado numa pequena ilha do arquipélago norueguês de Svalbard, no círculo polar Árctico. Já lhe chamaram a "arca de Noé da plantas" e, de forma mais dramática, "cofre-forte do juízo final". Dramatismos à parte, e de acordo com o espírito do seu principal mentor, Cary Fowler, do Global Crop Diversity Trust e, da própria ONU, que apadrinhou o projecto, este banco será sobretudo a memória viva dos dez mil anos da história humana na agricultura.Construído no interior de uma montanha gelada, a 120 metros de profundidade, e a mil quilómetros do Pólo Norte, esta arca de Noé das plantas, que hoje arranca com a presença do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e da Nobel da Paz Wangari Mattai, não é um banco de sementes como os outros.Actualmente, há pouco mais de mil bancos de sementes no mundo. São arquivos regionais, ou nacionais, uns mais completos que outros, mas nenhum global como este. O de Svalbard será uma memória universal e contará com uma amostra de cada variedade e de cada espécie agrícola hoje existente no mundo. Embora não se saiba exactamente quantas espécies agrícolas diferentes existem a nível global, os números mais aceites andam entre 1,2 e 1,5 milhões. Com capacidade para o dobro, o banco de Svalvard é virtualmente inesgotável.Promovido por uma organização internacional que se dedica à preservação genética de plantas agrícolas, a Global Crop Diversity Trust, dirigida por Cary Fowler, o banco universal de sementes "preservará a biodiversidade das espécies e variedades agrícolas, o que permitirá restabelecer a agricultura no futuro, se houver uma catástrofe global, como uma guerra nuclear ou um desastre climático", explicou Fowler ao DN, no ano passado, sublinhando que essa não é "a única razão". Este banco será acima de tudo um arquivo de segurança. "Nos últimos anos", notou Fowler, "se este banco já existisse tê- -lo-íamos usado pelo menos uma dúzia de vezes para repor a espécie no país do origem. Por exemplo, em Setembro de 2006, as Filipinas ficaram com o seu banco de sementes quase todo destruído quando o país foi atingido por um tufão". A partir de hoje, a solução para um problema deste tipo estará em Svalbard.
Fonte Diário de Notícias Filomena Naves em 26-02-08

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