segunda-feira, 25 de agosto de 2008

PENSA NISTO...

Vale a pena ler o artigo seguinte e tomar consciência de como os nossos comportamentos que parecem inofensíveis podem causar tanto sofrimento aos seres vivos e ser fonte de poluição na Natureza.


O que sobe também desce...
Élio Vicente, biólogo marinho



"São raras as pessoas que não gostam deles... São objectos mágicos que desafiando as leis da física e a imaginação das crianças, geram sorrisos e alegram qualquer espaço... Há-os de todos os tamanhos e feitios, ora cheios de hélio ou de vulgar ar. E o próprio nome é engraçado...

Chamamos-lhe balões!

Hoje em dia, os balões são omnipresentes no nosso dia-a-dia: competem com as TV, os telemóveis e, claro, os chocolates! Por isso mesmo, é raro o dia em que não vemos um - seja numa inauguração, num restaurante de "fast-food", num jardim infantil, numa feira de rua ou num "simples" aniversário.

Mas infelizmente, muitos fãs daqueles pequenos flutuantes mundos começam a ganhar-lhes um pequeno ódio... E por um motivo que escapa à maior parte dos seus admiradores.

Esse "pequeno ódio" emerge, precisamente, da popularidade de um objecto que, até recentemente, não passava de um inocente brinquedo de criança. É que essa popularidade começa a ter, anualmente, consequências sérias no bem-estar de dezenas de milhar de animais e uma fonte extra (e frívola) de poluição.

Resumidamente: a alegria de crianças e adultos começa a ser fonte de sofrimento (e, frequentemente, a morte) de aves, peixes, tartarugas, golfinhos, focas e muitos outros seres vivos que ingerirem ou ficam presos um balão usado.

Para piorar o cenário, Portugal começou recentemente a sistematizar as "largadas" de balões cheios de Hélio. No dia 1º de Junho, por exemplo, tentou-se bater, em Coimbra, o recorde Ibérico de lançamento de balões. Segundo a organização, terão sido lançados 200'000 balões numa só tarde. Duzentos mil... Mas não são apenas os fúteis recordes - hoje dia, é raro não os encontrar em festas de aniversários e empresariais, casamentos, arraiais populares... Até as escolas incentivam as crianças a lançar "mensagens de esperança" (humanitárias, culturais ou, ironicamente, ambientais), sem terem verdadeira consciência das implicações de tais largadas.

Mas, afinal, qual é o problema?

Simples: o que sobe, invariavelmente, desce! E depois de uma muito rápida euforia (de dois, cinco, dez minutos, no máximo?), poucos se lembrarão dos 10, 250, 5'000 ou 200'000 balões que foram largados. No entanto, eles não desaparecem por artes mágicas - a Natureza terá que lidar com eles; não apenas por minutos mas, por vezes, durante meses ou anos.

Quais as desconhecidas (mas reais) consequências?

Simples: mais tarde ou mais cedo (resultado da pressão atmosférica, normalmente) os balões rebentam e caem! Caem sobre árvores, rios, lagos e lagoas! Caem e invadem pastos, ninhos e zonas de reprodução. Caem e tornam-se lixo - e lixo não biodegradável...

E são, todos os anos, centenas, milhares ou dezenas de milhar! E tudo para uns efémeros e banais momentos de "beleza visual"...

Valerá a pena prejudicar (directa ou indirectamente, induzindo desconforto, doença ou mesmo a morte) milhares de animais por umas fugazes acções sociais que apenas celebram o egoísmo humano? A resposta parece-nos simples: não!

Mas a solução é simples: basta evitar o Hélio! Sim, esse, o gás... Afinal de contas, o problema principal não é o balão, mas sim o facto deste subir sem destino.

Em suma: brinquem com balões - mas não os deixem subir. Encantem as crianças - mas não lhes ensinem a poluir. Alegrem uma festa - mas não poluam o ambiente envolvente. Brinquem com balões - mas não os transformem em instrumentos do mal."

Publicado em 20-08-08 por Departamento Educacional do Zoomarine

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