sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Encontrado o Trisavô do Girassol


Quatro Girassóis Colhidos - Tela 600 x 354 - OST - 1887 (VINCENT VAN GOGH)

O nome do gênero do girassol, Helyanthus, vem de duas palavras gregas, helios, que significa "sol" e anthos, que quer dizer "flor". Ele foi venerado como símbolo do sol pelos incas do Peru e, mais tarde, pelos índios norte-americanos. Existe uma lenda clássica que conta que Clitia, uma ninfa da água, se apaixonou perdidamente por Apolo, o Deus-Sol. A sua paixao era tão grande que diariamente se sentava no campo sobre a erva e seguia-o, na sua viagem, pelo firmamento desde o amanhecer até ao por do sol. Clitia esqueceu-se de comer e beber de tal forma que o seu corpo começou a ganhar raizes acabando por transformar-se num girassol. Uma flor que não esqueceu nunca o objecto do seu amor e continua a seguir, todos os dias, com a sua coroa dourada o movimento do sol.
Fóssil da Patagónia de flor da família do girassol - Divulgação/Science

Qual o local onde a ninfa floresceu para adorar Apolo continuou um mistério até ao momento.
No entanto, a descoberta de um fóssil intacto de uma flor numa rocha na Patagónia sugere que as asteráceas onde se incluem os girassóis e as margaridas, apareceram há cerca de 50 milhões de anos, ( muito antes do que se pensava) onde é hoje, a América do Sul, de acordo com artigo publicado na prestigiada revista 'Science'.
Origem e evolução
O girassol ('Helianthus annuus') pertence a família botânica das 'Asteraceae', uma das mais abundantes e diversificadas do mundo. Também designadas por 'compostas', reúnem mais de 23.000 espécies distribuídas por todo o mundo, à excepção da Antárctida, entre as quais se encontram crisântemos, margaridas, dálias, dentes de leão, cardos e alcachofras. Os membros desta família cosmopolita distribuem-se desde as regiões polares até aos trópicos, tendo conquistado todos os habitats disponíveis.
Segundo o jornal “Daily Mail”, os fósseis que tinham sido encontrados até agora consistiam apenas em alguns grãos de pólen. Ainda assim, estes registos permitiram saber que esta família teve origem num antecessor comum com outras duas famílias - Goodeniaceae e Calyceraceae - que se desenvolveu naquilo que hoje é a Antárctida. Quando a Antárctida começou a arrefecer, este tronco comum migrou para a Austrália e América do Sul. Num período entre há 56 e 23 milhões de anos, este tronco comum subdividiu-se.

A descoberta – coordenada pela paleobióloga Viviana Dora Barreda, do Museu das Ciências Naturais da Argentina, em Buenos Aires - oferece “provas evidentes da família dos girassóis num estádio ainda muito primitivo da sua diversificação”, escreve também na revista “Science” o botânico Tod Stuessy, da Universidade de Viena.

Além disso, este fóssil sugere que o clima naquela época era relativamente húmido, com temperaturas médias de 19 graus Célsius, escreve o site “Scientific American”.

“Mas ainda há muito a aprender sobre a evolução e biogeografia da família dos girassóis”, alertou Stuessy. “Mesmo que os cientistas aceitem que a origem dos girassóis está na América do Sul, ainda não é claro como é que esta família colonizou rapidamente todo o planeta e se tornou tão diversa”, tendo dado origem às 23 mil espécies que se conhecem actualmente acrescentou. Barreda questiona-se ainda, por exemplo, sobre qual o papel destas plantas no ecossistema e como seriam polinizadas.
Noticia lida em elmundo.es e publico.pt

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