quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O Que Vive No Mar?

Publicado censo de todas as espécies marinhas em 25 regiões do mundo
Censo da vida marinha mostra que existem mais de 230 mil espécies que habitam os oceanos




"O que vive no Mar?", um censo da vida marinha compilado em alguns séculos e dez anos, foi publicado na segunda-feira, dia 1 de Agosto, pela revista científica PLoS ONE, da Biblioteca Pública de Ciências, constituindo um guia para futuras explorações dos oceanos.

O censo resulta da combinação de informação recolhida durante séculos de exploração dos mares com dados resultantes de um censo iniciado em 2000, para obter uma listagem de espécies em 25 regiões biologicamente representativas, do antárctico, passando pelos mares temperados e tropicais, até ao árctico.

A investigação, que constitui um prelúdio da compilação de todos os dados recolhidos e que será apresentada em Londres, a 4 de Outubro, vai permitir avaliar as mudanças provocadas pelas acções do Homem e da Natureza e guiar futuras explorações em áreas menos conhecidas, como as profundezas dos oceanos.

Os 360 investigadores envolvidos no projecto procuraram criar perfis inicias de regiões com biodiversidade conhecida localizadas na Antárctida, Europa Atlântica, Austrália, Mar Báltico, Brasil, Canadá, Mar das Caraíbas, China, Oceano Índico, Japão, Mediterrâneo, Nova Zelândia, África do Sul, América do Sul, Coreia do Sul, Corrente do Peru, Patagónia e Estados Unidos da América.

Os inventários continuam a decorrer em áreas como a Indonésia, Madagáscar e o Mar Arábico, que ainda não foram divulgados.

Dos dados já conhecidos, assinala-se que as águas australianas e japonesas são as que registam uma maior biodiversidade, com cada uma a apresentar quase 33 mil formas de vida que têm direito ao estatuto de "espécie" e, consequentemente, a um nome científico.

Do levantamento e análise de dados, os investigadores concluíram que o número de espécies conhecidas e com nome atribuído nas 25 áreas estudadas varia entre 2600 e 33 mil, agrupadas em 12 grupos.

Em média, cerca de um quinto do total de todas as espécies são crustáceos, o que, em conjunto com os moluscos e os peixes, constituem metade de todas as espécies conhecidas em todas as regiões.

Espécies como baleias, leões marinhos, focas, aves marinhas, tartarugas e morsas -- as melhores conhecidas da vida marinha -- integram a categoria de "outros vertebrados", que representa apenas dois por cento do total de espécies inventariadas.

Muitas espécies surgem em mais do que uma região e os detentores do título das "mais cosmopolitas" são espécies marinhas pertencem a géneros diferentes: plantas microscópicas (algas) e animais unicelulares.

Em Outubro, o Censo global vai disponibilizar a sua última estimativa de todas as espécies marinhas conhecidas da Ciência, o que deve ultrapassar as 230 mil.

Porém, recordam os cientistas, para cada espécie marinha conhecida da Ciência, há pelo menos quatro que ainda não foram descobertas.

E a ilustrar esta convicção, estima-se que a proporção de espécies ainda não descrita é de 39 a a 58 % na Antárctida, 38 por cento na África do Sul, 70 por cento no Japão, 75% nas profundezas do Mar Mediterrâneo e mais de 80 % na Austrália.

Um dos indicadores de biodiversidade é o número de espécies endémicas e, no censo da vida marinha, a divulgar esta segunda-feira, os lugares do pódio pertencem à Austrália, Nova Zelândia, Antárctida e África do Sul.

Os dados recolhidos revelam que as espécies endémicas representam cerca de metade das espécies marinhas da Nova Zelândia e da Antárctida e um quarto das registadas na Austrália e África do Sul.

Já as águas do Mar das Caraíbas, China, Japão e do Mediterrâneo possuem menos de duas mil espécies endémicas cada, enquanto o Mar Báltico regista apenas uma, uma alga denominada Fucus radicans.

Mas se procurarmos espécies invasoras, o Mediterrâneo é de visita obrigatória: possui o maior número de espécies estrangeiras, com mais de 600, o que representa quatro por cento de todas as inventariadas.

A 'porta' para esta imigração tem sido o Canal do Suez, sendo que maioria das espécies estrangeiras provém do Mar Vermelho.

Existem igualmente muitas espécies invasoras na região do Atlântico europeu, Nova Zelândia, Pacífico australiano e Mar Báltico, sendo as mais comuns os moluscos, os crustáceos e os peixes.

A proliferação de espécies invasoras é uma das principais ameaças à vida marinha, a que se juntam o excesso de pesca, a destruição do habitat e a poluição, ainda que a importância destas ameaças varie consoante as regiões.

Mas há novas ameaças com que contar, como o aumento da temperatura das águas, a sua acidificação e o alargamento de áreas caracterizadas por baixos níveis de oxigénio (hipoxia) na água do mar.

E mares como o Mediterrâneo, o Golfo do México, a plataforma chinesa, o Báltico e o Mar das Caraíbas são já considerados como os que apresentam uma maior situação de risco para a sua biodiversidade.
noticia lida em:
http://www.sic.sapo.pt/online/noticias/vida/Publicado+censo+de+todas+as+especies+marinhas+em+25+regioes+do+mundo.htm

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