quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Molusco sua adaptação a acidez pode dar pistas para o futuro dos sistemas marinhos


Novo molusco dá pistas sobre futuro dos sistemas marinhos
"Polyconites Hadriani" descoberto em Portugal e Espanha

"Polyconites Hadriani' (Foto: Eulàlia Gili)

A ciência tem agora novas pistas sobre a evolução dos sistemas marinhos modernos graças à descoberta de uma nova espécie de molusco - o 'Polyconites Hadriani', que foi encontrado em várias zonas da Península Ibérica e que ao longo da sua existência adaptou-se à acidificação dos oceanos.

Segundo o estudo publicado no "Turkish Journal of Earth Sciences" , os investigadores consideraram este invertebrado o mais antigo do género 'Polyconites', da família 'Polyconitidae', um tipo de molusco marinho já extinto. Pensava-se que o mais antigo deste ramo era o 'Polyconites verneuili', que existe na Espanha e na Turquia.

Eulàlia Gili, da Universidade Autónoma de Barcelona e uma das autoras do estudo, diz que ambos são semelhantes na forma. Contudo, o recém-descoberto é mais pequeno, visto que tem menos três centímetros de diâmetro, e a espessura da sua concha também é três milímetros menor.
A nova espécie foi encontrada em bacias espanholas e portuguesas, onde crescem em agregados densos nas margens das plataformas marinhas de carbonato há 114 milhões de anos, destacou a investigadora.
Adaptação aos "novos" oceanos

Este molusco surgiu no Aptiano Inferior, época compreendida entre 125 milhões e 112 milhões de anos atrás que correspondeu a um período turbulento e de grandes mudanças climáticas. O 'Polyconites Hadriani' viveu assim o primeiro momento anóxico oceânico do Cretáceo (entre 135 e 65 milhões de anos atrás). A anoxia consistiu na ausência de oxigénio no fundo do mar, que provocou o enterro massivo de carbono orgânico e o arrefecimento do clima.

O facto de a concha desta nova espécie ser mais grossa do que a do seu antecessor, do género 'Horiopleura', pode estar relacionado com a adaptação a águas mais frias e com mais acidez, devido ao aumento da solubilidade do dióxido de carbono atmosférico, explicou a geóloga.

Na sua opinião, "a resposta destes moluscos à acidificação dos oceanos pode ser aplicada à futura evolução dos actuais sistemas marinhos, nomeadamente para os organismos cujas conchas ou esqueletos são formados por carbonato de cálcio".

notícia lida em cienciahoje.pt

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