sexta-feira, 2 de abril de 2010

Genoma do mandarim esconde chave da linguagem humana

Novas pistas sobre aprendizagem vocal do mandarim
Genoma da ave sequenciado por investigadores da Universidade de Washington


Mandarim - Imagem retirada da Flickr


O mandarim (Taeniopygia guttata) é um dos seres de maior interesse em laboratório, para os cientistas, por poderem ser usados como modelo de comparação entre outras aves. É um pássaro cantor, cujo comportamento e evolução têm grande interesse para os neurocientistas.

Uma equipa do Centro de Genoma, da Universidade de Washington (EUA), acabou de completar o genoma do mandarim e os primeiros resultados revelaram que pelo menos 800 genes são responsáveis pela sua habilidade para o canto, para além de terem identificado potenciais indícios genéticos relacionados com a evolução da comunicação vocal.

O estudo, publicado na «Nature», dá pistas sobre como é feita a aprendizagem a nível molecular, tanto em aves como em seres humanos. Segundo Richard K.Wilson, director do centro, uma das características particulares desta ave é o facto de aprenderem (no caso dos machos) a completar as melodias dos seus pais. Inicialmente, começam por balbuciar sons aleatórios (como as crianças) e depois, aprendem a imitar os sons dos progenitores, repetindo-os e passando-os à geração seguinte. As fêmeas já não têm a mesma capacidade de aprendizagem.

As melodias são simples e curtas (duram alguns segundos), mas são bastante complexas geneticamente, segundo referem os cientistas no estudo^. Estes especulam a possibilidade de trazer avanços relacionados com problemas e doenças ligadas à memória, fala e aprendizagem – já que têm a vantagem de poderem ter vários genes em comum com os humanos. Quando o mandarim canta ou ouve uma melodia, activa uma rede de neurónios bastante complexa no cérebro e grande parte dos genes implicados actuam como controladores da expressão de outros relacionados com a comunicação vocal.

Contudo, embora existam semelhanças com o ser humano, são ainda bastante diferentes já que o genoma desta ave tem mil milhões de bases (do DNA) e o do homem 2.800 milhões.
Notícia lida em cienciahoje.pt

Sem comentários: