Que triste o olhar do cão! Até parece
Mais um queixume, um íntimo lamento
Da noite interior que lhe escurece
O coração, que é todo sentimento.
E os mansos bois soturnos! Que tormento,
Em seus olhos, tão calmos, transparece…
E os olhos da ovelhinha e os do jumento!
Que tristes! Só o vê-los entristece…
Chora, em todo o crepúsculo, a tristeza.
E, além do ser humano, a Natureza
É lívida penumbra feita de ais…
Por isso, o vosso olhar de escuridão
É mais lágrima ainda que visão,
Ó pobres e saudosos animais!
Mais um queixume, um íntimo lamento
Da noite interior que lhe escurece
O coração, que é todo sentimento.
E os mansos bois soturnos! Que tormento,
Em seus olhos, tão calmos, transparece…
E os olhos da ovelhinha e os do jumento!
Que tristes! Só o vê-los entristece…
Chora, em todo o crepúsculo, a tristeza.
E, além do ser humano, a Natureza
É lívida penumbra feita de ais…
Por isso, o vosso olhar de escuridão
É mais lágrima ainda que visão,
Ó pobres e saudosos animais!
Teixeira de Pascoaes (1857- 1952)
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