quarta-feira, 10 de junho de 2009

Em busca do segredo da teia da Tarântula


Cientistas da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, procuram descobrir o segredo da incrível resistência da teia das tarântulas. O fio de seda da sua teia é mais forte que o aço, e ao mesmo tempo extremamente leve e flexível.

Dezenas de tarântulas estão sendo estudadas para descobrir como elas fabricam a seda de suas teias, um material muito diferente do produzido por outras aranhas, mas até ao momento pouco estudado. Se conseguirem coompreender como as aranhas fabricam a poderosa teia, os cientistas vão estar mais próximos de produzir uma teia sintética em laboratório. Caso seja possível fabricar o material em escala industrial, a teia artificial poderia ter aplicações que vão desde linhas para costuras cirúrgicas até materiais plásticos ou mesmo roupas.

Um laboratório britânico (Spiderlab )procura determinar qual o gene que produz a proteína da seda usada pelas tarântulas para fabricar os fios das suas teias. O objectivo (ambicioso) é o de sintetizar artificialmente a proteína da seda das aranhas e produzir fios tão ou mais resistentes do que o produto natural. O que seria muito útil, atendendo às qualidades do original testado por milhões de anos de evolução.

Os fios das teias de aranha são dos mais resistente que há e pensa-se que são susceptíveis de múltiplas aplicações. Só há um problema: não é possível a produção em massa, pois quando muitas tarântulas coexistem no mesmo espaço, tendem, naturalmente, a comerem-se umas ás outras, o que como é lógico seria a falência de qualquer negócio.

O desafio é, assim, criar formas de produção artificial de teias de aranha - o objectivo do SpiderLab (O Laboratório das Aranhas), a funcionar na Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha.

Até hoje, já foram identificados alguns dos genes responsáveis pela criação dos fios de seda, e até se conseguiu criar a proteína da seda, mas a produção do fio susceptível de utilização prática, não tem obtido bons resultados. A investigação levada a cabo em Nottingham, tem como primeiro objectivo estabelecer o perfil das cerca de 900 espécies de tarântulas, que são por si uma família autónoma na grande árvore dos aracnídeos, que conta, no total, mais de 35 mil espécies. Estas poderão ter desenvolvido outros tantos tipos de comportamentos e outros tipos de seda.

Uma das investigadoras ligadas ao projecto, Dra Sara Goodacre, explicava ontem à BBC que "a seda das tarântulas é ainda uma área pouco estudada (...) e pode revelar-se algo diferente de tudo aquilo que sabemos até agora".

As tarântulas separaram-se das outras espécies de aranhas "há alguns milhões de anos (...) e isto, em termos de produção de seda, pode ter originado algo verdadeiramente distinto".

Para o Laboratório das Aranhas britânico não se trata só de determinar a especificidade da seda das tarântulas, mas também estabelecer que tipos diferenciados de seda podem originar, consoante a espécie deste tipo de aracnídeos.

O laboratório de Nottingham tornou-se, assim, numa espécie de "jardim zoológico" para tarântulas de todos os tamanhos e feitios. Lê-se na reportagem da BBC que algumas são tão agressivas como qualquer outro animal feroz, enquanto outras são "tão dóceis, como a tarântula rosada do Chile, que pode ser tratada como um animal de estimação"!

O primeiro aspecto que está a ser investigado são as razões das tarântulas serem capazes de se especializarem em tantos tipos diferentes de seda e em diferentes modos de produção. "Sabemos que há espécies que vivem no chão e criam a sua teia neste plano, outras escavam verdadeiras tocas para tecer a sua teia e outras tecem-nas recorrendo a estratégias aéreas, utilizando os ramos das árvores". A primeira questão é saber, pois, se o tipo de seda que resulta destas opções "é exactamente o mesmo e se o utilizam da mesma forma".

Em Nottingham já foi isolado o material genético do órgão produtor de fio nas tarântulas, a fiadeira, onde as moléculas líquidas da seda são transformadas em fio.

A investigação centra-se agora na identificação dos genes da fiadeira, no seu número e modo de operar. Este será um pequeno passo na longa caminhada para a produção artificial da proteína da seda das aranhas.
Vê o vídeo no site de BBC news

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