Depois de receber a instalação da maior central fotovoltaica do mundo, o concelho de Moura foi escolhido para testar tecnologia de ponta que vai integrar o maior radiotelescópio do mundo, o SKA (Square Kilometre Array), 50 vezes mais preciso do que os actuais instrumentos de observação astronómica.
O SKA tem capacidade para revelar o nascimento das primeiras galáxias, detectar colisões entre buracos negros e, graças à sua elevada resolução, pode recolher provas do processo de formação de planetas noutros sistemas solares. A sua potência é tal que lhe permitirá captar o equivalente a um sinal de um transmissor de televisão proveniente de um planeta em órbita de uma estrela próxima do Sol. Esta sensibilidade e resolução tornarão também possível fazer a cartografia das proto-estruturas que deram origem às primeiras estrelas no Universo.
O gigantesco radiotelescópio irá ocupar uma área de três mil quilómetros quadrados numa região do hemisfério Sul, ainda em fase de apreciação: África do Sul, Austrália ou Nova Zelândia. Visto do ar, vai parecer-se com uma gigantesca estrela do mar.
São vários os factores que levaram a jovem equipa de cientistas portugueses, ingleses e holandeses a optar pela Herdade da Contenda: disponibilidade de área, espectro radioeléctrico limpo, custos do desenvolvimento das infra-estruturas bastante atractivos e excelentes condições iono e troposféricas. A região alentejana beneficia ainda de grande período de exposição solar e maior número de meses com elevada temperatura ambiente.
O local escolhido para testar módulos do radiotelescópio fica mesmo junto à fronteira, e do outro lado há um parque natural, "um sítio sossegado e calmo, adequado às experiências", comenta Domingos Barbosa, da Universidade de Aveiro, elo do projecto SKA em Portugal. A partir de Setembro decorrerão na Contenda os primeiros ensaios de funcionamento de uma unidade do sistema Embrace (Electronic Multibean Radio Astronomy Concept), que integra o núcleo do gigantesco radiotelescópio. A empresa municipal Lógica - Sociedade Gestora do Parque Tecnológico de Moura participa nos ensaios do equipamento e testes climatológicos.
O investimento total para a construção do maior radiotelescópio do mundo é de 1,5 mil milhões de euros. "É muito dinheiro, mas é um preço normal de um satélite de comunicação", realça Domingos Barbosa, frisando que Portugal receberá mais-valias no montante de 12 milhões de euros pela participação no projecto.
O docente da Universidade de Aveiro augura um bom futuro para Moura como "plataforma para o desenvolvimento da radioastronomia", assinalando as vantagens de que Portugal já dispõe "na formação em radioastronomia e astronomia" e que trará ao Alentejo um vasto leque de cientistas que não deixarão de projectar no exterior a participação portuguesa no SKA.
Na Europa do Centro e do Norte não se consegue testar antenas em condições dada a enorme densidade de aparelhos de GPS, televisores e outros instrumentos de telecomunicações. Em Moura, o espectro rádio é suficientemente limpo, "para ter acesso a bandas livres que nos permitem identificar pedaços da história do Universo", vaticina Domingos Barbosa.
O SKA vai permitir observar e cartografar as primeiras estrelas e galáxias, mapear fenómenos violentos no universo, como buracos negros, detetar riscas de moléculas precursoras de vida em sistemas planetários distantes e vida inteligente no universo.
A construção do SKA deverá começar em 2014, as primeiras observações estão previstas para 2017 e o radiotelescópio poderá começar a funcionar em pleno até 2022.
O SKA irá ocupar 3000 quilómetros, terá 2500 antenas parabólicas e 250 estações e poderá cobrir uma "ampla gama de frequências" entre os 30 megahertz e os 20 gigahertzs.
Notícia e imagem em publico.pt
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