Terapia genética potencia a cura do daltonismo. Técnica tem potencial de ser aplicada a seres humanos. Simulação de como Dalton veria o seu jantar, antes e depois do tratamento-Photograph: Neitz Laboratory
Investigadores americanos conseguiram curar o daltonismo de dois macacos-esquilo, através do recurso a uma terapia genética. O estudo, publicado esta semana na Nature, revela que o método utilizado pode ser aplicado na resolução de problemas de visão de seres humanos adultos, nomeadamente o daltonismo, visto que já não têm a plasticidade cerebral das crianças. Esta espécie de primatas é caracterizada pelos machos serem daltónicos, enquanto as fêmeas vêem as cores normalmente. Os dois macacos machos que serviram como cobaias no estudo, Dalton e Sam, foram acompanhados durante dez anos pela equipa liderada por Jay Neitz, da Universidade de Washington. Neste contexto foram submetidos a diversas provas que incluíam a apresentação de padrões gráficos, a fim de verificar se distinguiam as cores ou não. Estes padrões só podem ser reconhecidos quando a visão diferencia perfeitamente as cores. Enquanto isso, na Universidade da Flórida, William Hauswirth e os seus investigadores desenvolveram uma terapia genética para actuar nas células cone, extremamente importantes para a visão humana. Esta terapia consiste na introdução na retina de uma proteína extraída de genes humanos – opsina L -, que promove a produção de pigmentos sensíveis ao verde e ao vermelho. Os primeiros resultados surgiram passadas cinco semanas do início do tratamento e, ao fim de um ano e meio, Sam e Dalton já conseguiam distinguir 16 cores. O estudo é revolucionário, pois pensava-se que só o cérebro das crianças tinha a capacidade de processar novos estímulos. Prova-se assim que, pelo menos em relação às cores, a premissa não é verdadeira, visto que os cérebros dos adultos também tem essa capacidade. Segundo a co-autora do estudo, Katherine Mancuso, da Universidade de Washington, ainda assim será necessário garantir a segurança deste procedimento, pelo que a aplicação desta técnica em seres humanos pode demorar alguns anos. O daltonismo afecta maioritariamente os homens, sendo que um em cada 12 é afectado por esse distúrbio genético, enquanto apenas uma em cada 230 mulheres sofre dessa deficiência visual.
Os dois macacos-esquilo tornaram-se assim a base da promessa da possível oportunidade para acrescentar ou restaurar funções ao olho humano. A equipa espera conseguir usar este conhecimento para tratar este problema em humanos, mas também conseguir chegar a outras doenças mais graves, como a retinopatia diabética ou a degeneração causada pelo envelhecimento. “É uma promessa grande e um passo muito importante. No futuro a terapia genética será resposta para muitos problemas de visão.
Fonte da notícia: Cienciahoje.pt e
Sem comentários:
Enviar um comentário